A Quaresma é um tempo de mudança e conversão, o que exige de nós propósitos concretos e palpáveis de penitência e oração.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 8, 14-21)
Naquele tempo, os discípulos se esqueceram de levar pães: só tinham um pão consigo na barca. Jesus lhes fez esta recomendação: “Atenção! Tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. E eles comentavam entre si, preocupados por não terem pão. Jesus percebeu a coisa e lhes perguntou: “Por que estais discutindo o fato de não terdes pão? Ainda não compreendeis nem entendeis? Estais ainda com o coração endurecido? Tendes olhos e não vedes, ouvidos e não ouvis? Já não vos lembrais, quando reparti cinco pães para os cinco mil, de quantos cestos recolhestes cheios de pedaços?” Responderam: “Doze”. “E quando reparti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços?” Responderam: “Sete”. Então lhes disse: “Ainda não compreendeis?”
Amanhã iniciaremos a Quaresma e, para bem vivê-la, é importante entrarmos de corpo e alma na pedagogia de santidade que a Igreja nos propõe em mais este ciclo forte do ano litúrgico. A Quaresma, com efeito, é um tempo diferente não só pelos paramentos roxos que trajará o padre, mas sobretudo pela mudança de vida e mentalidade que deve acompanhar-nos ao longo destes quarenta dias antes da Páscoa. O ritmo desenfreado que pauta a vida nos centros urbanos é hoje um grande empecilho a que as pessoas se adequem aos tons e ao espírito dos ciclos litúrgicos. Há já bastante tempo, infelizmente, a Quarta-feira de Cinzas, esvaziada de todo sentido sobrenatural, tornou-se um “dia de ressaca” após os terríveis excessos do Carnaval. Mas para nós, que temos o dom da fé, amanhã tem início um tempo de graça, que nos demanda propósitos concretos de mudança interior.
Ao prescrever aos fiéis as penitências quaresmais — jejum e abstinência —, a Igreja os lembra do homem velho e egoísta que vive dentro de nós e que precisa, para a nossa perfeita configuração a Cristo, ser morto e sepultado sob a mortificação dos nossos sentidos, da nossa falta de caridade, dos obstáculos voluntários que opomos à ação da graça. Para que esse trabalho de purificação interior seja sério e acessível, não nos enchamos de promessas fora de alcance; antes, com humildade e bom senso, peçamos a Deus a graça de podermos viver fielmente ao menos um propósito concreto de mortificação e, sobretudo, de oração. Fechados um pouco mais aos prazeres sensíveis, abramo-nos nestes dias ao amor, ao sacrifício, à penitência silenciosa e discreta.
Fonte: padrepauloricardo.org
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